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segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013


Hoje retomo esse meu blog. Estava mais abandonado do que um pinto no lixo.

E retomo com o texto inicial de um espetáculo meu chamado Casal Consumo, que fiz durante muito tempo. E ele tem várias versões, porque mexe com assuntos da mídia do momento, de coisas que saem na imprensa, etc e tal.
Mas o texto inicial é o mesmo. E foi escrito em 1998. E divido agora com vocês.

Trecho do Ca$al Con$umo, de Raul Franco


Cena inicial - música dançante, depois, Casanova, do Ritchie. Edgar e Maria Antônia estão dançando, como se estivessem em uma boate. 



EDGAR - Na vida é assim, quando menos se espera, acontece um encontro. Os dois se olham. Vem o desejo da aproximação, o calor, a vontade de se falar, mesmo sem saber o quê.
MARIA - É como se aquela pessoa que despertou a sua atenção, fosse única, fosse a pessoa que você sempre procurou em toda a sua vida.
EDGAR - Então, é pegar ou largar, pois, sem mais nem menos, você pode perder a grande oportunidade de estar ao lado da pessoa com quem você sempre sonhou esse tempo todo.
MARIA - Aí, não tem jeito! É paixão, é loucura, é cegueira momentânea. Mas faz parte da ânsia das emoções. E Edgar...
EDGAR - ...e Maria Antônia...
EDGAR e MARIA - ...sabiam disso. E não desperdiçaram o encontro de suas vidas...

Aumenta a música.

EDGAR - Oi, você por aqui?
MARIA - Eu por aqui. Quem é você?
EDGAR - Você não me conhece. Mas eu sei quem você é. Eu te vi sexta-feira passada, lá em Copa.
MARIA - É, eu caminho por lá.
EDGAR - Quando a vi, eu disse: ainda vou encontrar essa pessoa de novo. E encontrei.
MARIA - Que sorte, hein?
EDGAR - Destino. Você acredita em destino?
MARIA - Deveria acreditar?
EDGAR - E almas gêmeas?
MARIA - O que é que tem?
EDGAR - Você acredita em almas gêmeas?
MARIA - Não sei. Não tenho uma opinião formada.
EDGAR - Eu também.
MARIA - Você também não tem opinião formada?
EDGAR - Não, eu também acredito que você é a minha alma gêmea.
MARIA - Mas espera aí, eu não disse nada.
EDGAR - Não precisa dizer. Basta sentir. É coisa de energia, de espiritualidade. Tem a ver com reencarnação, da busca pela sua outra metade, da junção das partes iguais, entendeu?
MARIA - Poxa, você é sempre assim, visceral?
EDGAR - Acho que não sou.
MARIA - Visceral?
EDGAR - Não, acho que não sou o que você procura. No fundo, eu me enganei. Vou sair pra dançar, dar um tempo, depois eu volto. Tchau! (ameaçando ir)
MARIA - Espera.
EDGAR - (à parte) Isso nunca falha.
MARIA - Como é que é esse negócio, assim, de alma gêmea?
EDGAR - Gêmea, igual.
MARIA - Hã...
EDGAR - Eu sou o que você procura e você é o que eu procuro.
MARIA - Nossa! Isso é profundo. Fiquei até baratinada.
EDGAR - Olha, pode parecer loucura o que vou lhe dizer, mas tenho que dizer: eu quero casar com você.
MARIA - Casar?
EDGAR - É, a gente não pode se perder de vista outra vez. Temos que casar, construir um lar, uma família...
MARIA - Espera. Eu tô meio confusa. É que eu saí de casa, pensando em ficar só.
EDGAR - Numa sexta à noite?
MARIA - E daí? “A solidão é uma coisa boa. Só que precisamos de alguém para nos dizer isso”. Me diz?
EDGAR - Agora?
MARIA - Não. Me deixa dançar um pouco pra pensar.
EDGAR - Eu espero.

Maria Antônia começa a dançar de maneira totalmente louca. Edgar olha um pouco, depois fala.

EDGAR - Qual é o seu nome?
MARIA - Maria Antônia. E o seu?
EDGAR - Edgar.
MARIA - A gente se vê, Edgar. Tome o meu cartão. Mas ligue “djá”.

A música fica de fundo.

EDGAR - Ligarei.



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