Publicidade

terça-feira, 3 de maio de 2011

O amor é um bicho estranho!

Olá! Se você notou, sexta não teve texto, nem segunda. Mas hoje tem texto novo no blog. Agradeço aos 5 seguidores desse blog que, com certeza, sentiram falta de novos esquetes.

Hoje, mergulho no bom e velho tema das relações de casais. Com vocês: O AMOR É UM BICHO ESTRANHO.






O AMOR É UM BICHO ESTRANHO, de Raul Franco

Casal se encontra deitado numa cama. ela lê um livro. Ele olha para o teto. Por enquanto a luz ilumina os dois igualmente. De repente, a luz vai aos poucos ficando mais intensa nele. Ouve-se o seu pensamento. Depois, se ouvirá o pensamento dela. A luz sobre ela ficará mais forte, enquanto a dele diminuirá e assim por diante. Música calma toma conta do ambiente.

Pensamento dele - Eu e a Kátia já temos cinco anos de namoro. Estamos praticamente casados. Ainda pouco, fizemos amor. E, pra ser sincero, não me agradou muito. É que a Kátia sempre faz as mesmas coisas, não muda nunca. Repete o mesmo percurso em toda transa. Podia, ao menos, desviar um pouquinho ali, um pouquinho acolá. Mas não. Sempre o mesmo trajeto. Eu sou a estrada. E ela, um carro usado que precisa ser muito bem empurrado para andar. (ele olha pra ela e sorri)

Pensamento dela - Olha o idiota aí! Fica o tempo todo me olhando e sorrindo. Deve ter se achado o máximo na cama. Mas ele não é essa fogueira toda. Tá mais pra palitinho de fósforo. E quer saber? Eu apago esse fósforo rapidinho pra poder ficar lendo. Quer dizer, lendo não. Segurando o livro pra pensar no tédio que é a minha vida. (ela olha pra ele que sorri. ele retribui, meio sem vontade)

Pensamento dele - É tão bom olhar pra essa otária e ri dela. Ela deve pensar que eu tô super feliz ao lado dela. Mal ela sabe que eu vivo é pensando na Clara, aquela gostosa do trabalho que só vai de sainha e blusinha colada... um tesão de mulher! Se ela me estalasse o dedo, eu já estaria com ela... (olha para Kátia e ri) Olha a cara de inocente dela. Nem sabe o que eu penso. Que coisa boa pensar! A gente zomba dos outros em silêncio.

Pensamento dela - Um dos melhores momentos do meu dia é quando o Rubens vai pro trabalho. Já estou achando um saco esse negócio de dormir com o namorado. Maldita hora em que eu fui me mudar pra cá. Agora sou obrigada a acordar todo o dia e sentir a fedentina que sai da boca desse infeliz. Fora a roncadeira noturna. Não há tesão que resista.

Pensamento dele - Essa mulher aí tem mania de dar uns tapas na minha cara quando dorme. Fico me desviando durante a noite toda. Acordo cansado e roxo. Deixa essa coisinha fechar esse livro para ouvir o que eu vou dizer pra ela antes de dormir.

Pensamento dela - Eu sei que quando eu fechar esse livro, o Rubens vai querer me dizer alguma coisa idiota. Então, vamos lá, encarar esse idiota. Espero que ele diga alguma coisa que mude a droga da minha vida e me tire dessa rotina absurda em que eu fui me enfiar. (fecha o livro com uma certa força e boceja. puxa o lençol para se cobrir) Um, dois, três... ele vai falar.

Rubens - Kátia...
Pensamento dela - Não disse? (vira-se pra ele e responde)
Kátia - Oi?
Rubens - (carinhosamente) Eu te amo muito!
Kátia - (carinhosamente) Eu também, amor.

Eles se beijam. Luz cai. FIM.